9 de out. de 2009

Vampiros, vampiros, vampiros e lobisomem

True Blood, Crepúsculo, Vampire Diaries, Blood Ties. Caramba, qual é a razão dessa invasão de vampiros na mídia? Para onde quer que você olhe vai encontrar uma garota que não se acha especial o suficiente caindo de amores por um sanguessuga centenário - este que faz de tudo para mantê-la afastada, afinal ele não é malvado como os outros e usa da razão quando diz que ela estará melhor longe dali. Ah, e provavelmente aparecerá no meio da história um lobisomem adolescente que - tchanam! - acaba também se apaixonando pela mocinha.

Eu estava lendo sobre isso na revista Empire e realmente é verdade - na próxima vez em que você passar por uma livraria dê uma olhada na quantidade de romances sobre vampiros disponíveis nas prateleiras. É fácil perceber que se trata de uma fórmula que ainda está em plena expansão (urg!).
Mas por que vampiros? E mais precisamente, por que, dadas as alternativas, as protagonistas sempre escolhem os chupadores de sangue ao invés do pobre homem lobo? Afinal, o lobisomem pode andar normalmente sob a luz do sol, aquecer a garota em uma noite fria e decidir a hora em que quer ser homem normal ou lobo. Ainda assim são os vampiros que parecem exercer um grau de fascinação maior sobre a maioria das mulheres.

Tudo bem que durante séculos os vampiros eram sinônimo de sexo (vide Drácula ou Entrevista com o Vampiro) - mas se você vasculhar os livros mais recentes vai perceber que eles se tornaram seres avessos ao sexo. Em Crepúsculo o protagonista foge dos desejos da mocinha como Drácula foge da cruz. Então por que vampiros? Se não é pela imagem sexual, talvez seja pela experiência... Afinal, eles são pessoas centenárias com muitas coisas para ensinar e inúmeras cantadas na memória - sendo tão experientes eles dizem o que as mulheres querem ouvir. Mas os lobisomens também vivem por séculos... Deve ser algo além disso, então.

Ambos, vampiros e lobisomens, estão sempre tentando esconder suas reais naturezas, recolhidos em auto-punição até que a mocinha da história descobre a verdade sobre eles. E, de alguma maneira, os vampiros acabam sendo aceitos mais facilmente, pois aos olhos das mulheres eles não possuem uma segunda opção - ao contrário dos lobisomens que, nas histórias recentes, podem escolher entre a forma humana ou de lobo (esqueça a lua cheia). Uma grande injustiça isso. Porém, sugere que as mulheres toleram aqueles que não têm como evitar o mal comportamento, mas não aceitam aqueles que possuem o poder da escolha e escolhem o errado.


Seja a razão que for, o fato é que essas histórias de vampiros estão ficando cada vez mais previsíveis - esteja ela em um livro, filme ou minisérie. Já está na hora dos autores acrescentarem novas combinações de personagens. Uma múmia talvez?


Abaixo, teaser trailer de True Blood (HBO):


7 de out. de 2009

Tiros em Ruanda

Quando você vira a caixinha do DVD para ler a sinopse desse filme na locadora, logo imagina que deve ser mais um Hotel Ruanda. Mas Tiros em Ruanda (Shooting Dogs, 2005) vai além - ele possui um olhar singular sobre a guerra civil daquele país e sobre o papel da ONU perante as pessoas que mais precisam dela, além de nos apresentar personagens interessantes e contraditórios que não demoram a ganhar nossa simpatia.

Tiros em Ruanda é baseado na guerra civil entre as etnias rivais Hutu e Tutsi que assolou o país africano na década de 90. A guerra terminou em genocídio quando mais de 800.000 pessoas da etnia Tutsi foram assassinadas de maneira brutal pelos Hutu, que acreditavam que Deus estava do seu lado.


Como em Hotel Ruanda, há muita emoção neste filme que nos faz criar laços com alguns dos seus personagens. Tiros em Ruanda parece fazer com que você queira estar dentro do filme, mesmo já sabendo o que irá acontecer no final.


A história começa quando o avião do presidente de Ruanda, da etnia Hutu, é derrubado. Com isso, a população Tutsi entende que é o sinal para começar uma guerra que já era declarada. Os Hutus, em disvantagem, são perseguidos e assassinados. Alguns deles se refugiam em uma escola da ONU gerenciada pelo padre Christopher (John Hurt) e o professor ativista Joe Connor (Hugh Dancy) na capital Kigali. As esperanças deles desparecerem quando a ONU decide não intervir no conflito, abandonando os milhares de inocentes que procuraram asilo na escola e tirando de Ruanda apenas as pessoas brancas e a imprensa.


John Hurt faz um trabalho brilhante interpretando o padre Christopher - um homem que insiste em tentar encontrar uma razão divina no meio de todo o horror. O professor (Hugh Dancy) também é um personagem singular cujo emocial começa a desmorar quando percebe que não há solução para tudo aquilo.

O fime, dirigido por Michael Caton-Jones, é muito bom na minha opinião e nos mostra o que realmente aconteceu em Ruanda. Várias pessoas que perderam parentes no conflito ajudaram nas filmagens. Hoje, Ruanda tem feito um belo trabalho para evitar conflitos como esse e também para lembrar aqueles que perderam suas vidas de maneira tão horrível. Confira o trailer: