13 de nov. de 2009

Freud e os vampiros!

De um lado os vampiros que se recusam a beber sangue humano. Do outro, aqueles que não conseguem se controlar quando avistam um pescoço desavisado. Entre esses dois gêneros, uma pergunta: o que os torna tão diferentes?

Foi para satisfazer essa dúvida pessoal que recorri à Freud. Sim, Sigmund, o pai da psicanálise. Como todo publicitário que se preze, já li algumas teorias do estudioso, principalmente para poder entender o comportamento do consumidor, e uma delas parece responder de maneira satisfatória minha dúvida a cerca dos vampiros: as instâncias psíquicas da personalidade. Calma, não tem nada de muito complicado nisso, na verdade é bem simples.

De acordo com Freud, o ser humano possui três entidades psíquicas: o id, o ego e o superego.

O id, segundo ele, é a nossa fonte primitiva, aquela regida pela satisfação do prazer e que age por impulso. Faz com que o homem busque seu prazer e a gratificação imediata sem preocupação com as consequências e a realidade da vida - e o vampiro, antes de ser vampiro, também é ser humano. Fazem parte deste grupo, vampiros como Lestat (Tom Cruise, Entrevista com o Vampiro) e Drácula; assim como os recém transformados, os vampiros que geralmente não conseguem se controlar (talvez nesses o id esteja no centro do comando cerebral).

Mas como o homem é também um ser social (inclusive os vampiros), esses impulsos sofrem restrições da sociedade, fazendo com que outra instância psíquica entre em ação: o ego.

O ego leva em conta as morais da sociedade, servindo como um mediador do id. Se o desejo do vampiro por sangue, por exemplo, exige uma satisfação imediata e animalesca, caberá ao ego controlar esse desejo para uma forma de satisfação tolerada socialmente. Neste caso, o sangue de animais.
Se alimentando de animais, o vampiro estará saciando seus desejos colocando o princípio da moral no lugar do prazer. Louis (Brad Pitt, Entevista com o Vampiro), Edward (Robert Pattinson, Crepúsculo) e Stefan (Paul Wesley, The Vampire Diaries) são alguns dos vampiros regidos pelo ego.

Já o superego é semelhante a um ditador. É aquele que leva as exigências e proibições tão a sério que faz com que a pessoa se sinta culpada por todos os seus desejos, até mesmo aqueles tolerados socialmente. Se um vampiro se deixar levar pelo superego, irá morrer, pois não conseguirá nem mesmo se alimentar de uma pessoa já morta, devido ao sentimento de culpa por estar violando o cadáver. Acho que este é um tipo de vampiro ao qual ainda não fomos apresentados.

Viagem ou não, agora talvez fique mais fácil entender as diversas personalidades dos vampiros que estão invadindo o cinema, a TV e a literatura.

Cena de Entrevista com o Vampiro:

6 comentários:

Marilis Dutra disse...

Ja li muito tb sobre os conceitos freud...
como vc, eu tb sou uma aspirante em publicidade tenho que entender a cabeça dos nossos queridos consumidores... nas séries de tv e filmes sobre vampiros deixam esses conceitos bem claros... um outro filme muito interessante ´que nos define bem esse conceito é o Laranja Mecanica ;)

parabéns pelo post

Cristiano Contreiras disse...

Bom post, adorei a contextualização por relacionar Freud com os vampiros no cinema.

Mas, preciso dizer: eu vomito com essa saga 'Crepusculana' e tenho dito! Alguém avise ao Robert Pattinson que ele não convence! Per favore.

abraço

Breno Reis disse...

Cristiano, você tem razão quando diz que o Robert Pattinson não convence! Apenas cito ele para que as pessoas que não assistiram aos outros filmes possam entender, afinal ele aparece hoje em tudo quanto é canto.

Paulo Alt disse...

Breno, parabéns cara. Demorou mas passei aqui pra ler com calma o post do Lestat hehe
Vc foi genial, podia fazer mais postagens desse estilo. Adorei.
[ps. continuo detestando Freud de qualquer forma hehe, nem ele mesmo explica, rs]
abraçoo

Tiago A. disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Tiago A. disse...

Puxa, estou impressionado. Afinal, quando você disse que, como todo publicitário que se preze, havia lido alguma coisa do Freud, não imaginava que fosse tão pouco. Digo, você realmente leu Freud, ou só passou o olho em alguma coleção vaga-lume sobre psicanálise?
Nada contra esse tipo de literatura iniciática, eu mesmo já li alguns livros do Oscar Masotta sobre psicanálise (autor que, aliás, recomendo). Nada contra também você esboçar uma tentativa de entender os vampiros sob uma ótica psicanalítica. No entanto, pelo menos assuma que você não leu quase nada sobre o tema. É mais digno.