24 de mar. de 2009

O livro é melhor?

Toda vez que saio de uma sessão de cinema onde o filme foi baseado em um obra literária, escuto muitas pessoas dizendo coisas como: "mudaram toda a história!", "tal cena não existia no livro!", "tiraram uma das melhores partes", etc...

Essas mesmas pessoas, porém, nunca pararam para refletir sobre a palavra que sempre aparece nos trailers, nos cartazes e no começo desses filmes: baseado.

Segundo o dicionário Michaelis, a palavra baseado possui duas interpretações:
1. firmado sobre a base, fundado, fundamentado;
2. cigarro de machonha.

É claro que para a gente a primeira definição é a que serve, ou seja, baseado é aquilo montado em cima de algo pré-existente. Um objeto transformado.

Quando um autor começa a desenvolver um livro, ele tem a possibilidade de escrever quantas páginas desejar. Pode descrever os cenários, os personagens e seus sentimentos de maneira detalhada. Não há limites para sua imaginação.
Em um filme não é bem assim. O tempo corre contra o roteirista e o diretor. Ambos precisam apresentar tudo de maneira rápida e condensada para o público.

Outro fato que devemos observar é que um livro geralmente possui enredos secundários dentro da história principal. São personagens e pequenos acontecimentos que surgem e depois deseparacem de maneira sutil. Ao adptar um livro para o cinema o roteirista deve se concentrar na história central, eliminando assim alguns dos personagens e acontecimentos secundários sem que o argumento principal seja comprometido. É impossível, e financeiramente inviável para as distribuidoras, que o filme seja idêntico ao livro. Seriam necessárias horas e horas de exibição. Talvez dias no caso de filmes como O Senhor dos Anéis, cujo enredo é tão extenso quanto a Bíblia.

Também é importante salientar a questão da interpretação. Cada pessoa interpreta um livro da sua maneira. Não me refiro ao argumento, mas sim à questões como os personagens, os cenários, etc. A minha visão do livro vai ser diferente da sua, que vai ser diferente da visão do escritor.
O filme é a visão de várias pessoas, somadas em uma mesma obra. O roteirista vai adaptar o texto de acordo com o que ele imaginou. O diretor, por sua vez, vai coordenar os atores e câmeras para que façam aquilo que ele tem e mente. E os atores vão tabalhar os personagens do jeito que eles entenderam. Por isso, muitas vezes saímos de uma sessão decepcionados com nosso personagem preferido, por exemplo.

A maior diferença entre livro e filme, porém, reside no fato de serem duas linguagem totalmente diferentes. Enquanto livro é linguagem escrita, filme é linguagem visual e falada. A história, por sua vez, é o objeto que foi transfigurado. Passou de linguagem literária para linguagem cinematográfica. E todo processo de transfiguração já é em si uma alteração. Livro e filme, portanto, são obras diferentes.

Da próxima vez que for assistir a um filme baseado em um livro que você já leu, entre na sessão despreocupado com a história do livro. Limpe sua mente e encare o filme como uma história nova. Se você ficar o tempo todo procurando as diferenças entre livro e filme, certamente vai sair bravo com o diretor. Mas se você lembrar que cada obra possui suas características próprias, vai curtir o filme muito mais.

No final, você pode até dizer que achou o livro melhor, mas nunca exigir que as obras sejam idênticas.

(Mareecota, Ruthizinha, parceiras de mono, contribuiram com esse texto!)

2 comentários:

Mª Coisinha disse...

caro breno, a questão é a seguinte:
após delimitar o objeto, tecer considerações, justificativas e outras COISAS, só posso dizer que, se formos pensar bem, quando temos um frame de uma mesa, mesmo que não haja ação ou demonstração de tempo percorrido, a cena em si enuncia "aqui temos uma mesa".
a semiótica é clara. principalmente quando no final do filme os personagens ficam nivelados, um ao lado do outro.

beijo, brenudooo!
saudades, menino moderninho! :*

ps:
fafafa-fa!
neeeem o sooool, neeeem o maaar!
eu tinha uma bara-ta!

Anônimo disse...

é vc tem toda razao, sempre saio decepcionada dos filmes baseados em livros q assisto. Os livros sao sempre melhores q suas adaptacoes, tirando a adaptacao de O Senhor dos aneis...q foi inesquecivel.Ah, e na maioria das vezes imaginamos o personagem de um jeito e o filme mostra outro...beijocas breninho!!!!nadia